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Docente da Politécnica aponta inclusão digital como principal desafio do ensino remoto

Crisália Sabonete, oradora da Universidade Politecnica

Crisália Sabonete, oradora da Universidade Politecnica

Uma pesquisa apresentada na sexta-feira, 18 de Setembro, pela docente da Universidade Politécnica, Crisália Sabonete, aponta a inclusão digital como o principal desafio do ensino remoto, para o qual as instituições tiveram de migrar devido à pandemia do novo Coronavírus.

Segundo a pesquisa, intitulada “Motivação dos Estudantes do Ensino Superior em Tempos de Covid-19: Experiências e Desafios”, as dificuldades de acesso à rede de internet e à infra-estrutura, no País, comprometem o nível de desempenho dos estudantes, havendo registo de alguns que anularam a matrícula não por problemas financeiros, mas por problemas de conectividade da internet nas suas áreas de residência.

O outro desafio apontado pela pesquisa está ligado à postura dos estudantes que apresentam um fraco desempenho, o que exige do professor a adopção de metodologias que despertem (no estudante) o interesse pelo processo de aprendizagem.

Mais do que adoptar novas metodologias, o professor é chamado estimular os estudantes a assumirem a sua responsabilidade, pois, no fim, os resultados dependem mais dos estudantes do que do docente, desde que este último cumpra devidamente o seu papel.

“No ensino remoto, o docente tem uma responsabilidade acrescida. Com efeito, a sua tarefa não é apenas a de transmitir conhecimento, mas também a de ensinar o aluno a aprender e a de saber se o aluno está realmente a aprender”, revela a pesquisa, que tinha como objectivo avaliar a motivação dos estudantes do ensino superior no processo de adaptação ao ensino remoto.

Uma outra constatação da pesquisa é que a disponibilidade para o diálogo, não deve ser apenas dentro do horário estabelecido para a aula, trouxe algum conforto e esperança aos estudantes porque “sabiam que podiam, junto aos docentes, vencer as barreiras do distanciamento social diante das suas dúvidas e inquietações”.

A autora conclui que, independentemente da modalidade de ensino (presencial ou remoto), a motivação é um factor indispensável. Só o empenho, o envolvimento e a entrega permitem o alcance dos objectivos do estudante. “Todos, sem excepção, são capazes de aprender. A diferença pode residir no ritmo, velocidade de assimilação, materiais, métodos, condições pessoais, contexto da aprendizagem, motivações e interesses”.

Crisália Sabonete foi oradora da segunda conferência “Celebrar a Universidade, Perspectivar o Ensino Superior no Século XXI”, organizada sexta-feira, 18 de Setembro, no âmbito das celebrações dos 25 anos da Universidade Politécnica.

Para além daquela docente, a conferência teve como oradores Sueli Saraiva e Pedro Verga Matos, docentes da UNILAB-Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Brasil) e do ISEG-Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa (Portugal), respectivamente. Ambos falaram das experiências e dos desafios da comunidade académica na implementação do ensino remoto.

Na sua intervenção Sueli Saraiva afirmou que as aulas na UNILAB foram suspensas quinze dias após o seu início, em Março, e só foram retomadas em Agosto. Entre um período e outro, a grande preocupação da Universidade foi a prestação de apoio humano e material aos docentes e alunos internacionais da instituição, sobretudo aos mais desfavorecidos, alguns dos quais recém-chegados ao Brasil.

Alguns dos apoios incluem a disponibilização de telefonia celular com um pacote de dados móveis para internet, esta que, à semelhança do que apresentou Crisália Sabonete, tem sido o grande “calcanhar de Aquiles” destes tempos; até porque, segundo Sueli Saraiva “muitos estudantes são provenientes de zonas recônditas, sem uma rede de internet”.

A docente afirmou ainda que não foi possível realizar-se  pesquisa e  extensão na Universidade, durante esse período, porque o foco eram as pessoas e a sua sobrevivência. Além disso, na sua óptica, os novos tempos exigem mudanças nas formas de realizar a actividade docente, uma vez que o mundo hoje apresenta uma nova lógica de abordagem. Os professores passarão a desempenhar outros papeis como os de negociador ou de colaborador, dado que, algumas vezes serão substituídos por vídeos ou por teleconferências e nesse processo, aos alunos devem ser estimuladas as capacidades para a pesquisa, porque essa passará a ser a sua actividade preponderante.

Por seu turno, Pedro Verga Matos considerou que, apesar das desvantagens (acesso limitado às tecnologias, falta de proximidade com o professor, dificuldades na avaliação individual, entre outras), o ensino remoto possui, também, inúmeras vantagens, tais como a possibilidade de as universidades ultrapassarem as limitações físicas e geográficas, a adaptabilidade das disponibilidades dos estudantes, a facilidade de pesquisa, a redução dos custos financeiros e ambientais, entre outras.

Sueli Saraiva, docente da UNILAB

Sueli Saraiva, docente da UNILAB

Pedro Verga Matos, docente do ISEG (2)

Pedro Verga Matos, docente do ISEG 

Crisália Sabonete, oradora da Universidade Politecnica

Crisália Sabonete, oradora da Universidade Politécnica