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22/09/2017Doutor Honoris Causa Carlos Lopes: Moçambique precisa conhecer melhor as políticas económicas mundiais para aumentar capacidade de negociação
O antigo Secretário-Geral Adjunto da Organização das Nações Unidas (ONU), Carlos Lopes, defendeu, em Maputo, que há novos caminhos que se abrem para as economias mundiais, incluindo a moçambicana.
Carlos Lopes falava, recentemente, na primeira aula que proferiu após lhe ter sido atribuído o título honorífico de Doutor Honoris Causa, na área de Estudos de Desenvolvimento, pela Universidade Politécnica.
De acordo com Carlos Lopes, o mundo vive, actualmente, um momento em que as certezas e as ideologias sobre questões económicas se estão a desvanecer. Por esta razão, explicou que “existe no mundo mais espaço de manobra, é preciso aproveitá-lo com muita sabedoria, sofisticação, estudo e, acima de tudo, com muita estratégia”.
Neste contexto, para os países de economia emergente tirarem melhor proveito dos novos caminhos que se abrem e dos referidos espaços de manobra, Carlos Lopes defendeu a importância do conhecimento sobre as políticas económicas mundiais, para aumentar a capacidade de negociação.
“Países como Moçambique precisam de negociar melhor, conhecer melhor os parâmetros que influenciam as políticas mundiais, bem como saber que as instituições financeiras internacionais estão a fazer coisas diferentes em outros países”, considerou.
“Portanto, conhecer o que se está a passar à volta de si, permite negociar melhor e obter melhores resultados, e é um pouco disso que vim defender nesta primeira aula”, referenciou.
Num outro desenvolvimento, Carlos Lopes analisou a situação económica de Moçambique, sobre a qual avançou que o nosso País está a atravessar dificuldades de nível macro-económico precisando, portanto, de alterações a nível estrutural.
“A verdadeira alteração das políticas económicas tem que se operar a nível estrutural. Ou seja, mesmo quando há crescimento e mesmo quando a dívida desaparece, não se pode ter um crescimento baseado apenas em investimentos externos na indústria extractiva”.
Sobre a atribuição do título honorífico, Carlos Lopes não escondeu a sua emoção, assumindo que a ocasião é nobre, formal, ritualística, mas também cheia de conteúdo.
“Na qualidade de homenageado, só tenho a agradecer a todos aqueles que apadrinharam esta oportunidade e este reconhecimento. Estou muito grato à Universidade Politécnica por continuar nesta sua relação de profundo engajamento em questões de actualidade que tem trazido à universidade várias vezes”, disse.
Intervindo também na cerimónia, João Honwana, que apadrinhou o Doutoramento Honoris Causa de Carlos Lopes, descreveu o homenageado como um dos pesquisadores africanos mais activos na área de desenvolvimento e planeamento estratégico.
“O reconhecimento generalizado do valor do seu vasto trabalho de pesquisa sobre a governação em África e o papel do conhecimento e da inovação no seu desenvolvimento firmam Carlos Lopes como incontestável campeão de um pan-africanismo contemporâneo”, referiu João Honwana.
Nascido na Guiné-Bissau, em 1960, Carlos Lopes é, actualmente, docente universitário na Universidade de Cape Town, na África do Sul, e Professor visitante na Universidade de Oxford, no Reino Unido.
Carlos Lopes Doutor Honoris Causa em Estudos de Desenvolvimento
João Honwana