Decorreu na sexta-feira, 18 de Março, na cidade de Maputo, a oração de sapiência que marcou o arranque do presente ano lectivo da Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias (ESGCT), uma unidade da Universidade Politécnica. A aula magna teve como oradora a escritora moçambicana Paulina Chiziane.
Conforme referenciou a directora da Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias, Irene Mendes, a oração de sapiência é uma actividade programada, pela vice-reitoria da Universidade Politécnica, que marca o arranque do ano lectivo desta instituição do ensino superior.
Contudo, tal como deu a conhecer Irene Mendes, “neste ano, pela primeira vez, houve uma orientação no sentido de se descentralizar a oração de sapiência, passando esta actividade a ser da responsabilidade de cada unidade orgânica da Universidade Politécnica”.
A directora da ESGCT falou também, momentos antes da intervenção da oradora, a respeito da indicação de Paulina Chiziane para a condução da aula magna, tendo assumido que “estivemos todos envolvidos, ou seja, o seu nome foi de consenso do conselho de direcção da escola, dos docentes e dos estudantes através da sua associação”.
A oradora, por sua vez, debruçando-se sobre “Identidades: regresso às raízes”, centrou a sua intervenção no que considerou de filosofia africana, ou seja, “na necessidade de se olhar para a nossa história, de onde viemos e de se valorizar a cultura africana”.
No entendimento de Paulina Chiziane, é a figura do curandeiro que se encontra no centro da filosofia africana, referindo que “a cultura africana está muito próxima de Jesus Cristo. O curandeiro dispõe da melhor capacidade de interpretar o Novo Testamento, segundo a nossa cultura”.
Numa outra abordagem, a oradora defendeu que os africanos devem continuar a recorrer às árvores para as suas orações pois, para si, a árvore representa o ser mais perfeito da natureza.
Aliás, de acordo com Paulina Chiziane, “rezar numa árvore” é garantir a melhor ligação com o passado, com o presente e com o futuro, o que explica a razão de “um africano, sempre que se quiser comunicar com o divino ou com o transcendente, eleger a árvore”.
Detalhando, a escritora referiu que “a árvore tem muitas raízes que penetram na terra e que comunicam com o mundo dos antepassados, bem como a energia da própria terra. Depois tem o troco, que representa o momento de socialização, em que todas as pessoas convivem, como também os ramos que fazem com que a mensagem chegue mais rápido para o futuro transcendente”.
Por fim, Paulina Chiziane instou os académicos moçambicanos a “trabalhar e a produzir bibliografia nacional, com a nossa visão e sempre de acordo com a cultura africana”.
Mesa que presidiu a oração de sapiência
Paulina Chiziane, escritora
Irene Mendes, Directora da ESGCT
Participantes na oração de sapiência proferida pela escritora Paulina Chiziane