
Moçambique defende reforço do financiamento africano sustentável na III Cimeira de Infra-Estruturas
01/11/2025
“As Lágrimas do Rio Chilovecane”: Azael Moiana transforma memórias em palavras
01/11/2025“As Lágrimas do Rio Chilovecane”: Azael Moiana transforma memórias em palavras

O jornalista moçambicano Azael Moiana estreou-se nas lides literárias ao lançar, quarta-feira, 29 de Outubro, na cidade de Maputo, a obra intitulada “As Lágrimas do Rio Chilovecane”, uma narrativa simbólica, profunda e poética que resgata a memória ancestral de Taninga, uma localidade do distrito da Manhiça, província de Maputo.
O livro nasce da necessidade que o autor sente de registar as memórias da sua comunidade, partindo das narrativas que ouvia na infância; entrelaça, por isso, o mito, a história e a espiritualidade para abordar temas como a relação do homem com a natureza, a preservação da memória colectiva e a tensão entre a modernidade e a tradição.
A obra, editada pela Kuphaya, conta com a assinatura do decano do jornalismo moçambicano, Salomão Moyana e o prefácio do ensaísta e editor Cremildo Bahule. Com este livro, o autor espera contribuir para o universo literário moçambicano, concebido a partir das histórias dos lugares, regiões e rios que fazem parte do quotidiano.
Intervindo na cerimónia de lançamento, Azael Moiana explicou que a obra, que representa, para si, a transformação das lágrimas em palavras, constitui um regresso às suas origens e uma tentativa de reconstruir as páginas da história de Moçambique.
“As Lágrimas do Rio Chilovecane é a comemoração dos rios que falam, das vozes que resistem e dos tambores que nunca se calam. É a celebração da memória colectiva. Ao apresentar este livro, lanço e partilho um gesto de reconhecimento à minha família, aos amigos e, sobretudo, aos meus pais, cujas vozes se calaram”, disse o autor.
Por sua vez, o apresentador da obra, Jorge Ferrão, académico e reitor da Universidade Pedagógica de Maputo, considerou que o autor se insere numa linhagem literária moçambicana que inclui nomes como os de Mia Couto, Paulina Chiziane e Ungulani Ba Ka Khosa.
“O autor distingue-se pela ênfase mítica e espiritual. Entre os seus principais méritos destaca-se a coesão simbólica, resultado de uma arquitectura narrativa cuidadosamente elaborada”, afirmou.
Para Jorge Ferrão, “cada micro-conto funciona como uma conta num colar mito-poético, em que o conjunto adquire sentido pleno quando visto na totalidade. Espero que esta obra nos inspire a ouvir os rios, a terra e os ancestrais. Enquanto houver quem escreva e quem escute, haverá memória, sabedoria e, acima de tudo, futuro”.
Azael Moiana é licenciado em Filosofia pela Universidade Pedagógica, em Direito pela Unisced e Mestre em Gestão dos Medias Digitais pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade Eduardo Mondlane.
Importa realçar que o lançamento da obra “As Lágrimas do Rio Chilovecane” contou com a parceria da concessionária do Porto da Beira, CdM-Cornelder de Moçambique.

Jorge Ferrão, apresentador da obra

Participantes

Participantes

Participantes

Capa


