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AMJ lança estudo sobre regime jurídico das custas judiciais

Capa e contra capa da obra

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Um estudo publicado na quarta-feira, 11 de Novembro, pela Associação Moçambicana de Juízes (AMJ) revela que a complexidade do regime jurídico das custas judiciais e a sua consequente imprevisibilidade influenciam negativamente no acesso à justiça, por parte dos cidadãos e das empresas.
Elaborado em parceria com o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e financiado pela Fundação para a Melhoria do Ambiente de Negócios (FAN), o estudo, denominado “Justiça e Ambiente de Negócios: Uma Reflexão sobre os Tribunais e os Litígios Relacionados com o Comércio e as Empresas”, aponta como fraco o domínio, no seio dos mandatários judiciais e demais funcionários dos cartórios dos tribunais, das fórmulas usadas no cálculo dos preparos e na determinação do valor de imposto em diferentes tipos de acções.
Apesar de estas constatações fazerem jus a várias correntes da sociedade que consideram que as custas judiciais são um impedimento para o acesso à justiça, o presidente da AMJ, Carlos Mondlane, diz que tal não constitui verdade, e explica:
“O problema que se coloca não tem tanto a ver com o facto de as custas serem ou não elevadas, mas sim com a complexidade da legislação, que é da década de 60 do século passado, que traz critérios muito difíceis, o que torna complexo o cálculo das custas judiciais. Hoje, em Moçambique, a maior parte dos que reclamam, principalmente os que reclamam da carestia das custas, não sabe fazer as contas”, sublinhou.
Para justificar o seu posicionamento, Carlos Mondlane referiu que, neste momento, “Moçambique tem as custas judiciais mais baixas, se comparado com o universo da SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral), PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e UA (União Africana)”.
Ainda que as pessoas não tenham condições ou recursos, acrescentou o presidente da AMJ, “o Estado não pode impedi-las de aceder à justiça por causa da questão dos custos. Há outros mecanismos alternativos à justiça, até porque a Constituição da República estabelece o princípio do pluralismo jurídico, e a mais-valia deste estudo resulta, também, do facto de apontar as fontes alternativas à justiça formal”.
O deputado e presidente da Comissão do Plano e Orçamento, António Niquice, disse que a justiça e economia não podem ser vistas como entidades inconciliáveis, muito pelo contrário: “Forma-se um círculo virtuoso em que uma sustenta a outra. Uma justiça célere, oportuna e transparente é garante de um ambiente de negócios saudável”. Afirmou, ainda, que “O Estado vê na arrecadação de impostos e taxas a sua fonte de subsistência e, para tal, os tribunais também, em contrapartida da prestação de serviços judiciários, contribuirão para o erário público. É este valor que serve para a expansão da rede de tribunais, alocação de mais recursos humanos, materiais e tecnológicos ao sector. Importa, fundamentalmente, garantir que ninguém fique prejudicado de aceder à justiça por ser pobre”.
Na ocasião, o ministro da Indústria e Comércio, Carlos Mesquita, frisou que o estudo confirma a relevância das áreas de reforma prioritárias definidas pelo Governo e sector privado, no quadro da melhoria do ambiente de negócios, pois vai contribuir para o aprimoramento da legislação e eficiência da actuação do judiciário, com destaque para a vertente comercial.
“O diagnóstico feito pelo estudo traz elementos substanciais e relevantes, que nos encorajam a prosseguir com reformas mais eficazes na área comercial, uma área crucial e determinante para o desenvolvimento económico do País, que está inserido num contexto regional e continental altamente competitivo. (…) A análise ao funcionamento do sistema judicial (em matéria civil e comercial) e os pontos de intervenção apresentados pelo estudo acarretam desafios nos quais o Governo se revê, nomeadamente a disseminação dos regimes aprovados, capacitação dos actores relevantes, envolvimento dos grupos-alvo da legislação nas acções de identificação de reformas, entre outros”, sublinhou Carlos Mesquita.
Por seu turno, o director executivo da FAN, Nuno Remane, afirmou que este estudo vai permitir a reavaliação (das fórmulas de cálculo) das custas judiciais, e, por essa via, tornar a justiça mais acessível aos cidadãos e o ambiente de negócios mais fluído e desenvolvido.
“A celeridade da administração da justiça em Moçambique constitui um factor que pode ser impeditivo ou não para a captação de novos fundos ou investidores, e até para a harmonia entre os diversos intervenientes no ambiente de negócios”, concluiu.
Nuno Remane director executivo da FAN

Nuno Remane director executivo da FAN

Participantes

Participantes

Carlos Mondlane presidente da AMJ

Carlos Mondlane presidente da AMJ

Carlos Mesquita ministro da Industria e Comercio

Carlos Mesquita ministro da Industria e Comercio

Capa e contra capa da obra

Capa e contra capa da obra